quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

INSTANTES
Se eu pudesse viver novamente minha vida, 
Na próxima, trataria de cometer mais erros. 
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais, 
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, 
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico, correria mais riscos, viajaria mais,
contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas,
nadaria mais rios. 
Iria a lugares onde nunca fui, 
tomaria mais sorvete e menos lentilha, 
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e
produtivamente cada minuto da vida: claro que tive momentos
de alegria, m
as, se pudesse voltar a viver, trataria de ter
somente bons momentos. 
Porque, se não sabem, disso é feita avida, só de momentos; 
não perca o agora. 
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, 
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; 
se voltasse a viver viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no
começo da primavera 
e continuaria assim até o fim do outono.
 Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais
amanheceres e brincaria com mais crianças, 
se tivesse outra vida pela frente. 
Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.

(Poema de Nadine Stair atribuído a Jorge Luís Borges)