sexta-feira, 22 de outubro de 2010

DEBATE NA ESCOLA


   Debater é bom. É saudável. Permite que identifiquemos posições. Que analisemos diferentes opiniões e discutamos sobre elas...
   O exercício do debate é libertador. Incentiva a visão crítica do mundo. O debate é uma arma contra a manipulação e o conformismo. É um passaporte para a democracia e a vida em sociedade...
   O QUE É DEBATE?  É uma discussão escrita ou oral em que razões a favor e contra um tema são postas em confronto. O debatedor conduz seus argumentos de modo a resolver um problema, esclarecer seus muitos aspectos e encaminhá-los para uma possível adesão ou solução.
   O debate é um jogo democrático a ser aprendido. Em suas regras de convivência, reconhecemos nossas posições e  respeitamos as dos outros. Aprendemos a pesquisar para melhor debater...
   O debate vive do confronto de argumentos.  O QUE SÃO ARGUMENTOS? O QUE É ARGUMENTAÇÃO?
   Argumentação é uma série de argumentos (ou raciocínios) que tem por finalidade provar ou refutar um determinado ponto de vista ou uma tese qualquer. Com isso, tentamos convencer alguém sobre a validade da nossa conclusão.
   COMO SELECIONAR OS ARGUMENTOS?
 A pesquisa é fundamental. É por meio dela que podemos fugir de saídas fáceis, apressadas... como o achismo.  Bons argumentos se conseguem com estudo e pesquisa.
QUEM GANHA COM UM DEBATE?
O debate é uma forma eficaz de nos vacinarmos contra a prepotência e a manipulação. De ficarmos atentos às posições alheias, checarmos as nossas, aprofundarmos nossos pontos de vista.... Além disso, nem sempre um debate é conclusivo. O debate é um processo.
   Um jovem que debate em sala de aula pode aprender mais sobre um determinado assunto com a pesquisa feita em seu grupo. É possível, discutir ideias que lhe eram desconhecidas anteriormente, aprender a ouvir, a respeitar ideias diferentes... etc. Por tudo isso, quando se pergunta quem ganha com um debate...
     ...a resposta só pode ser: todos nós. E a democracia.






Fonte: Livro - DEBATE NA ESCOLA -  Editora Moderna

domingo, 17 de outubro de 2010

Cotas para negros nas universidades do Brasil


Cotas para negros nas universidades do Brasil



      Como podemos entender as “cotas” para o ingresso de negros em universidades no Brasil, se não existe uma política voltada para a educação de base? Investir na educação de base seria a melhor forma de acabar com a deficiência do ensino brasileiro, tendo em vista que o sistema de “cotas” pode se tornar mais uma forma de dIscriminação contra os afros descendentes, (que poderão ser taxados de incapazes para o ingresso no ensino superior). Mesmo sabendo que nós brasileiros temos uma divida de três séculos ou mais para com os negros do nosso país, sabe-se que é de grande urgência tomar uma atitude, mas talvez às “cotas” não sejam a solução.

      Atualmente se fala muito em “cotas” como se esse sistema fosse resolver os problemas dos negros. Dados os fatos: as “cotas” são aprovadas, os negros entram nas universidades, entretanto pairam as perguntas: como teria sido a formação dessa pessoa no ensino fundamental e médio? Quando esses negros terminarem o curso superior, quem irá garantir a sua vaga no mercado de trabalho? Serão inventadas cotas para o exercício da profissão também? Tendo em vista que essa dicotomia que relaciona problema social ao racismo não se acabará, passará a existir uma dicotomia renovada a de que o negro só tem uma formação acadêmica devido às “cotas“, iniciando uma nova dialética na tentativa de provar a capacidade intelectual, moral e social dos afros descendentes.

      Esse não seria um problema mais econômico do que racista?


  •  Ora, quem diz que se deve separar o que pertence ao negro do que pertence ao branco? 
  • Quem determina que ser negro é ser raça, e não que os negros estão incluídos na sociedade como todos os seres humanos como todos os homem e mulheres com os mesmos direitos econômicos, sociais e culturais?


  •  Quem cria a eqüidistância entre homens brancos e os homens negros? 



  • Quem no Brasil pode se dizer puramente negro ou puramente branco? 
     É por isso que me sinto a vontade para dizer que o racismo no país é fato, mas não é substituindo responsabilidades econômicas para uma causa social que poderemos solucionar o problema, transferindo o descaso da educação (que é devido à má distribuição de renda no país) para o problema racial, ao invés de se resolver a questão econômica.

         O Estado se mostrando benevolente e voltado para as causas sociais se dedicando em acabar com o racismo no país, tirando proveito de que grupos de negros se apresentam como pessoas que lutam por uma causa muito importante que é o combate ao racismo, lutando por igualdade social, porém se mostrando exclusivos, diferentes no que diz respeito a desejarem coisas feitas para negros e não coisas produzidas para pessoa em geral. Dessa forma o próprio negro se rotula e cria o outro, se tornando ele (negro) mesmo racista ao ponto de não aceitar o que vem a ser feito de forma aleatória para humanos, sem separar onde termina um problema econômico e começa uma causa social e quando os dois estão juntos e devem ser estudados juntos.

    


      Portanto o sistema de “cotas” não é a solução do problema racial no Brasil, até porque tem todo um arcabouço social, cultural e econômico que envolve o problema de racismo no Brasil, esse sistema pode ou não ajudar, mas com certeza não é a solução do racismo em nosso país. Então por que desde já, não se começa a investir na educação de base, de forma que, todos tenham acesso a ela, (negros, brancos, pobres, índios, imigrantes e descendentes), para que cheguem ao ensino superior em igual condição a todos sem que sejam necessárias as “cotas” para que negros tenham possibilidades de freqüentar uma universidade e para que quando terminem o curso superior o mercado de trabalho esteja aberto para os receberem sejam ricos ou pobres, negros ou brancos, ou de qual quer linha social de que venha a sua descendência. Acredita-se que as “cotas” geram conflito entra as pessoas ao contrario do que se acha que facilitara a convivência entra “Negros e Brancos” dentro de uma sociedade sem raça e sem cor, isso não resolve e segundo a antropóloga Yonne Magie, profª.: UFRJ afirma que no lugar de cotas 
para “Negros” deve-se abrir vagas nas escolas para todos, e não é só vagas,
mas sim, investir na educação de base para que se tenha uma educação de 
qualidade e não de quantidade. A antropóloga fala também que “falar em ‘raça’ é tentar apagar o fogo com gasolina, as ‘cotas’ é um cala-boca para a sociedade e a comunidade negra do país.” Com tantos problemas sociais e econômicos no país, querer resolver os problemas de racismo através das “cotas” não é a solução podendo ser um paliativo, mas não resolverá a crise do racismo no Brasil, tendo em vista que as “cotas” podem servir como novo veículo de discriminação contra os afros descendentes.

       José Carlos Miranda, do MNS (Movimento Negro Socialista), afirma que a luta contra o racismo é a luta pela igualdade, na tentativa de afirmar que todos serão iguais mesmo tendo em vista que todos são diferentes e individuais enquanto pessoas. Com isso combater a idéia de raça na tentativa de uma igualdade social, e através dessa luta pela igualdade combater o racismo, racismo esse que passa por cima de tudo e de todos. O negro deve ser visto pela sociedade como pessoa e não como raça, nem como "coitadinho" ou como o incapaz, mas sim, como pessoa que tem capacidades como qualquer um.

Roniclay Vasconcelos, (UEPB/ CEDUC),

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

SISTEMA DE COTAS PARA NEGROS: JUSTIÇA E IGUALDADE


Educação superior, esse processo de aprimoramento intelectual proporcionado por instituições publicas e privadas, tornou-se um dos bens fundamentais para a garantia de sobrevivência "nesse cruel mundo capitalista". Entretanto, infelizmente, apenas um número restrito de pessoas conquista um lugar nessas almejadas instituições, as quais são compostas predominantemente por brancos e ricos.
Visando a integração social e a defesa do principio constitucional da igualdade criou-se o "sistema de cotas para negros nas universidades", que por razões mesquinhas tem sido alvo de duras criticas.
Não são apenas um ou dois motivos que justificam a aplicação do sistema no Brasil. Nossa própria história fundamentaria as cotas. Foram séculos de escravidão, os negros sendo retirados de seu "lar" e enviados ao Brasil por meio de navios negreiros, para servirem os barões que enriqueciam com o trabalho das "MERCADORIAS" vindas da África. Humilhação, preconceito e servidão, quem pagará essa dívida?
Apesar de posicionamentos contrários, as conseqüências daquele momento manchado de nossa história são claras na atualidade. Pesquisas comprovam que a média salarial é diferenciada entre um branco e um negro que possuem o mesmo grau de escolaridade. Nas novelas e peças teatrais, salvo algumas raras exceções, os atores que representam os personagens protagonistas são sempre brancos. Será que se trata de mera coincidência?
O argumento de inconstitucionalidade do sistema de cotas é totalmente improcedente, pelo contrário, o caput do art. 5 da Constituição Federal fundamenta: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à IGUALDADE, à segurança... (Grifo nosso)
O propósito de igualdade só é alcançado com a igualdade de oportunidades, tratando com diferença os desiguais para obtermos a uniformidade. Esse tratamento desigual não é exclusivo do sistema de cotas. Inúmeras leis possuem essa característica, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, Lei ‘"Maria da Penha" etc. Mesmo assim não houve alegações de inconstitucionalidade, pois tais ordenamentos não provocaram insegurança na manutenção de privilégios de uma classe.
Muitos consideram o sistema de cotas uma forma de discriminação, um mecanismo de expansão do racismo. Porém, na verdade o sistema de cotas é uma forma de inclusão racial no ensino superior com o propósito de atingir o progresso, diminuindo progressivamente o racismo da sociedade. Em relação a essa questão, o Brasil em 26 de março de 1968, ratificando determinação da convenção Internacional Sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, dispôs: Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais, tomadas com o único objetivo de assegurar o progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou de indivíduos que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades.
Sendo assim, como os tratados internacionais aderidos pelo Brasil possuem força de Emenda Constitucional, o argumento de inconstitucionalidade "vai-se por terra".
O sistema de cotas para negros é condenado por muitos críticos, pelo fato de relacionar pobreza com a cor da pele. Mas infelizmente, esse fato é uma realidade brasileira. Pesquisa feita pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) demonstra que apesar dos negros representarem 45% da população, eles são 64% da população pobre do país. Em oposição, dos brancos que estão no topo da pirâmide financeira do país apenas um é negro. Já na base da pirâmide (que representa a classe menos favorecida) de cada dez pessoas oito são negros.
Verificamos assim uma total desproporcionalidade. O mesmo acontece nas universidades. Pesquisa do IBGE demonstra que o número de brancos com diploma é três vezes maior que o numero de negros. Dessa feita, é clara a necessidade de desenvolver mecanismos que alterem esse cenário, transformando nosso meio em uma sociedade mais justa e igualitária. O sistema de cotas para negros é um grande passo nessa importante caminhada.
Algo sempre questionado é a posição dos brancos pobres nesse quadro. Devem ser excluídos do ensino superior? A resposta é simples: NÃO!!! O governo federal já elaborou programas destinados a classe de baixa renda no país, que incluem brancos e negros. Exemplo disso é o PROUNI, onde os estudantes com as melhores notas no Exame Nacional do Ensino Médio conquistam bolsas de estudos em Instituições Privadas de Ensino Superior. Alguns se posicionam contra esses métodos, afirmando que a "solução do problema não está no ingresso nas universidades, mas sim na formação fundamental".
É inquestionável a importância de um ensino fundamental de qualidade; entretanto, devido uma insistente falta de planejamento governamental, um projeto de reestruturação educacional de tamanha proporção exigiria uma expectativa de mudança em longo prazo. Entretanto, devido à gravidade do problema e quantidade exorbitante de tempo que já se perdeu à espera de uma solução, não é aceitável que a atitude exigida aos nossos governantes seja a simples "omissão". É importante salientar que a adoção do sistema de cotas em nada afeta a qualidade de ensino, e ao contrário do que muitos afirmam não há um favorecimento dos "despreparados". Aqueles que concorrem a uma vaga na universidade pelo sistema de cotas, não serão selecionados apenas pelo fato de serem negros, é necessário aprovação no vestibular, que a propósito é idêntica tanto para cotistas quanto para o sistema tradicional. Além disso, o sucesso no ensino superior não depende apenas de uma educação básica de qualidade, mas principalmente de fatores como aptidão para a profissão, criatividade, dedicação e outros. Exemplo probatório de que a qualidade de ensino não é prejudicada devido alunos que obtiveram ingresso na universidade através de sistemas especiais, são os bolsista do PROUNI que vem conseguiram as melhores medias no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) nos últimos anos.
O fato é que para um país obter o tão almejado crescimento é importante realizar pesados investimentos na EDUCAÇAO, assim todo mundo sai ganhando: Branco, pobre, rico, negro, pardo, "amarelo" etc.